domingo, 19 de agosto de 2012

Inquietude



Já me dizia um velho poeta
que nascer era burrada,
morrer era cilada
e que amar era tolo.

Daí que eu não acreditava:
a vida era sagrada!
Sem descaso por tão pouco.

"Abre o olho", era o conselho
Nunca entendi porque veio
Mas servia como consolo.

Quem está certo é ele
que, já vivido, sabe bem
o triste fim que me convém.

E no final sempre foi assim:

o que os olhos não veem,
o coração sente em dobro.
Que grande estorvo.





Brand new start


           O ar seco contaminava as gargantas e atiçava as rinites, bronquites, sinusites, e tantos outros "ites" que a medicina nos obrigara a aprender. Era possível perceber que até mesmo as mentes estavam congestionadas e não havia como assoá-las. O muco entupia o resto de criatividade viva e prendia a palavra e o sentido em sua teia, para que não saísse assim tão fácil. E assim o prazer textual foi desaparecendo, acomodado a sua vidinha de congestão nasal. Mas, como toda doença que se preze, é necessário medicamento para que a literatura volte ao seu estado saudável. O antibiótico tomou forma de lembranças, a injeção passou a ser de motivação e uma dose única de inspiração ao dia também era muito aconselhável. Só foi necessário que uma gotinha caísse do céu para inundar a imensidade da ideia e aliar-se aos remédios receitados, formando aquele brainstorm que há muito não dava as caras. So I'm back. Pelo menos por agora.