segunda-feira, 2 de julho de 2012

A primeira máquina de lavar a gente nunca esquece




                Nunca fui daquelas muito domésticas. Antes de morar sozinha, me esforçava para fazer o mínimo possível dentro de casa. Para lavar uma mísera louça era preciso inúmeras reclamações e dramas dos mais mexicanos. Só que, para minha surpresa, passei no vestibular quando havia acabado de completar 17 anos e fui embora da minha cidade para começar a nova vida. E quando digo nova, não há exageros. Precisei aprender de tudo e mais um pouco para sobreviver longe do papai e da mamãe e uma das coisas mais difíceis foi lavar roupa. Me mudei para uma república onde não tínhamos nada para lavá-las. Era tudo na base da lavagem à mão mesmo. Nos dias em que eu ia lavar calças jeans e de moletom, levava uma tarde toda e ainda saia com o braço destruído. Experiência terrível.
                Uns seis meses depois de esfregar, esfregar e esfregar roupas na mão, meu pai conseguiu um tanquinho que era da minha avó. Já foi uma alegria sobrenatural para mim. Nada de esfregar, só era preciso torcer e pendurar no varal! Que maravilha é a tecnologia! Passei mais uns bons meses lavando tudo no tanquinho. Era um pouco cansativo também e eu sempre saia da lavanderia mais molhada que as roupas, mas era tão melhor que lavar na mão que eu nem reclamava. Ainda mais porque eu havia me mudado da república. Estava morando em um apartamento com uma amiga e não precisava dividir meu tanquinho com mais cinco e nem ter um micro espaço no varal para estender minhas roupas.
                Mas, num surto de gastação de dinheiro desnecessário, meu pai surgiu aqui em casa com uma MÁQUINA DE LAVAR. Minha primeira reação foi: “VOCÊ É DOIDO? GASTOU UM DINHEIRO VALIOSO DESSE COM ALGO QUE EU NEM PRECISAVA?”. Minha segunda reação foi: “Agora que ele já gastou todo esse dinheiro, só posso é parar de reclamar e usá-la”. Minha terceira reação foi hoje, quando a utilizei pela primeira vez.
                Eu nunca havia lavado uma roupa na máquina de lavar antes. Então o primeiro desafio foi aprender a fazê-la funcionar - o que nem foi muito difícil, já que ela veio com um manual ilustrado com todo o passo a passo para não termos problemas (o qual já está grudado na parede, em cima da própria máquina). A primeira dúvida veio na hora de separar as roupas. "Que preguiça de separar por tipo e cor", pensei. No tanquinho eu simplesmente jogava branco com qualquer outra cor e todas os tipos de peças juntas e fosse o que Deus quisesse. Nunca deu problema. Mas como máquina de lavar é mais chique, a gente trata com mais carinho. Separei as roupas e meias brancas e pensei em começar com elas. Coloquei o sabão e o amaciante, escolhi o nível da água e coloquei para bater no "normal". Fiquei procurando o botão de ligar e SURPRESA: fechei a tampa e nos quatro segundos em que eu procurava o tal botão, a máquina funcionou sozinha! Era muita praticidade para o meu coração aguentar. Continuei observando a água caindo como se eu tivesse que tomar cuidado para não vazar, como no antigo tanquinho. Era tudo muito fácil para ser verdade! Fascinada com tamanha praticidade, dei as costas para fazer meu almoço. De cinco em cinco minutos, eu voltava para ver se estava tudo ok. E a máquina continuava lá, toda linda, fazendo tudo sozinha. Eu não estava entendendo nada sobre a sequência dos fatos - se estava batendo, jogando sabão, amaciante, alvejante ou se estava centrifugando. Só sei que na hora que acabou de bater, minhas roupas estavam lá, limpas e cheirosas. E o melhor: centrifugadas! Nada de ficar pingando no varal por um tempão ou de torcer para tirar toda a água até meu braço doer. 
                Foi preciso mais uma lavagem para o resto da roupa suja e fiz todo o processo novamente. Cada girada do filtro parecia mais hipnotizante que a outra, para mim. E o resultado nunca me decepcionava: roupas limpas e cheirosas como eu nunca havia feito antes! E não precisei me molhar nem um pouquinho pra isso. Nem precisei vigiar a lavagem (coisa que eu fiz do mesmo jeito só para aproveitar a novidade). Enfim, rapidamente estava tudo no varal, sem pingar, sem fazer molhação e pronto para secar.
                Lavar roupa suja na máquina foi como dizem por ai: Certas coisas a gente nunca esquece. Principalmente a primeira vez. Acho que minha próxima experiência bem que podia ser com uma lavadoura de louças, já que de limpeza moderna eu estou ficando craque!

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Um beijão para quem teve paciência para ler! ;)